sábado, 27 de fevereiro de 2016

Estágio Probatório: Fique por dentro para não ficar refém.

O que será de nós se a força do inimigo calar a nossa voz?” ( Sá e Guarabyra )                                                             
O que fazer quando sua nota for menor do que o esperado? Como proceder quando a equipe de gestão e, portanto, o Estado servir-se destas mesmas notas para te chantagear e te obrigar a cumprir metas que muitas vezes são pessoais ou caprichos de gestores despreparados ou autoritários?

Frases tais como, você tem que seguir o caderninho senão sua nota será rebaixada, você não pode faltar, você não pode participar de reuniões do sindicato ou ir às manifestações, participar de greves, não pode questionar ou fazer enfrentamentos com as direções e equipes de gestão etc, por que você está em estágio probatório, são corriqueiras em nosso meio.

Você há de concordar que a ameaça é real e provoca medo em muitos de nós, em alguns casos beira o terror. Afinal nossa estabilidade está em jogo, só de pensar que as chances de sair do trabalho precário criado pelo Estado ficam ameaçadas, já é o bastante pra fazermos a opção pelo mal menor, ou seja, nos conformar com as ordens da gestão e do Estado.

Quem nunca passou pela quarentena, ou nunca ficou sem salário nas férias ou ganha somente os dias trabalhados e nunca tem certeza de que estará com uma carga horária completa, não sabe do que estamos falando. Sem contar que no trabalho precário o professor eventual, categoria O ... Quase sempre fica com as sobras de aulas, as turmas mais difíceis e os horários mais complicados com janelas, etc.

Agora que você passou no concurso, conseguiu ingresso muitas vezes numa escola que você queria ou a mais próxima de sua casa, alguém vem rebaixar sua nota e ameaçar tudo isto? Não é justo. Também não é direito que além das equipes de gestão você ainda sofra pressão de colegas de trabalho por calar-se de vez em quando.

Se a sua opção for calar-se de uma vez e conformar-se sempre não temos muito a lhe dizer. Mas se você for daquel@s que como nós, não aceita injustiças e não gosta de levar desaforo pra casa, nós temos muito a lhe dizer.

A primeira coisa a fazer é estar bem informad@. Por isso disponibilizamos pra você um quadro com os aspectos essenciais sobre o Estágio probatório para você acompanhar e toda a legislação disponível até o presente momento que comprova o que estamos afirmando.

De nossa parte ficaremos sempre atentos ás novas publicações, mas você pode somar forças conosco e acompanhar também. Não precisa ler o diário oficial todo dia, mas lá por setembro, próximo a sua avaliação, faça uma busca no Google e outros sites de busca e no site oficial da Secretaria da Educação para ver-se há novidades na legislação.

O silêncio muitas vezes é sinal de sabedoria mas também pode transformar-se no seu contrário, afinal a sabedoria popular nos diz que quem cala consente.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Quando Ensinar é Adoecer

Quem nunca tomou Rivotril que atire a primeira pedra. Tá bom, você pode não ter tomado Rivotril, mas tomou Diazepan, Sertralina ou  Floxetina, Carbolitiun, Risperidona, Captopril, Atenolol, Brupopiona, Omeprazol? etc ,,, 

Não precisa contar pra ninguém se não quiser, mas tem aumentado a dose de cerveja, vinho ou um destilado qualquer? Tem fumado mais do que o normal? Ou só o de sempre? Anda meio irritad@, chorando até quando ouve a trilha sonora da propaganda de margarina?  

Exageros a parte, anda muio sensível e até pensou em parar com tudo ou trancar-se num quarto e não falar mais com ninguém? Tá achando que as coisas não andam de jeito nenhum, que esta juventude não aprende porque você não foi capaz de convencê-los? Tá achando que nada tem mais jeito e que não há nada que possa fazer pra mudar? Se irrita até com as conversas d@s amig@s nos corredores ou sala dos professores?

Cuidado, você pode estar a beira de um stress, flertando com o bournout e as portas da depressão.


Se chegou até aqui, continue e leia com calma o artigo de Emílio Gennari "Quando Ensinar é Adoecer." Confira os motivos que nos levam a adoecer no trabalho e as possíveis saídas para este problema que atinge cada vez mais colegas. 

Não tenha pressa. Salve no seu computador, imprima se quiser e quando tiver um tempinho leia, nem que seja uma página por dia. Se quiser também pode ler em grupo com os colegas de trabalho. Vale a pena.


Contra indicações



Talvez você nem queira falar sobre isto, mas se veio até aqui, quero lhe dizer que eu também já passei por tudo isto e talvez tenha ficado bem pior do que você a depender do teu estado atual. Já que você pode ter percebido antes de ter se readaptado ou de acontecer o pior. 

Se servir de consolo, quando perceber aquele olhar de censura do sistema e às vezes dos colegas de trabalho, lembre-se: você não está sozinho nesta, apesar de tudo indicar que sim.

Na Alemanha, França, Inglaterra, enfim nos países ditos mais avançados, milhares de trabalhadores são afastados todos os anos por problemas psíquicos na indústria, comércio, bancos .... O mesmo acontece no Brasil, onde milhares de trabalhadores da indústria estão afastados pelos mesmos motivos. Basta você dar um clic ai no "tio Google" e verá quantos trabalhos e notícias revelam o que acabo de lhe contar.

Então, boas leituras

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Stalingrado - 2 de Fevereiro De 1943: O dia D da Segunda Guera Mundial

Quando pesquisamos a Segunda Guerra Mundial para trabalharmos o tema nos 9ºs, ou 3ºs anos, ficamos com a impressão de que a batalha mais importante desta guerra foi o dia D, o desembarque na Normandia.

Hollywood tratou de imortalizar esta batalha com suas superproduções, os livros didáticos e paradidáticos reforçam a visão cinematográfica e vice-versa. Por isso, vamos seguir a máxima do filósofo que recomenda que usemos o “olho da mente, visto que nossos olhos “externos” nos pregam peças todos os dias, como faz quando nos mostra o céu azul.  Observemos a questão mais de perto.

 Em 1941, toda a Europa ocidental, com exceção da Inglaterra todos os dias sob bombardeio da Luftwaffe, estava sob o controle dos exércitos nazistas. Hitler então, fortalecido pelas vitórias avassaladoras até então, deslocou suas melhores tropas para o leste e ordenou o ataque à União Soviética, apesar do tratado de não-agressão assinado em 1939.

Desde o início a guerra foi de extermínio. Os nazistas consideravam os povos eslavos da União Soviética raças inferiores passíveis de serem exterminados assim como os judeus ou "merecedores" de sobreviver como escravos em futuras colônias agrícolas que seriam instaladas após a vitória. Vale destacar que para os nazistas, exterminar os comunistas era tão importante quanto exterminar os judeus. Todos sabemos que o anticomunismo era um princípio tão importante para os nazistas quanto o antissemitismo

 A ofensiva nazista parou em Stalingrado. No último dia 2 de fevereiro fez 73 anos que esta batalha terminou. Depois de 7 meses de duríssimos combates o 6º exército nazista, "a raça superior" não aguentou o tranco e se rendeu ao Exército Vermelho de operários e camponeses. Deixando de lado os efeitos nefastos do Stalinismo, não se deve esquecer que foram homens e mulheres, imbuídos de um ideal socialista, num mundo mais justo e humano que esfregaram no pó,  a fuça do nazismo, faceta monstruosa do já tenebroso capitalismo.

 Você não foi exterminado, não tem aula de alemão obrigatório, não faz saudação com o braço esticado e não houve cantigas infantis do Tio Adolf porque lá, nas margens do Volga, Ivan, Vladimir, Nicolai, Ludmila e tantos outros resistiram e lutaram, rua por rua, casa por casa. Em tempos difíceis como os de hoje, de derrotas de nossa classe. Vale lembrar disso. “Obrigado”, nos escreve o amigo Paulo Gaiotto que compartilha conosco suas anotações sobre o tema.

O comando do 6º exército rendeu-se em 31/01/1943. Mas, um bolsão isolado resistiu até 02/02/1943. A rendição final, assim, foi em 02/02/1943. Nos perguntamos porque esta batalha não ganhou o destaque de uma Pearl Harbour ou dia D.  Nosso olho da mente nos faz levar em conta mais alguns detalhes importantes que são esquecidos quando trabalhamos este tema nas escolas e nos debates externos.

Em primeiro lugar, sim sim, é óbvio que Hollywood está nos Estado Unidos e não Rússia. Em segundo lugar, a morte da Guerra Fria não fez nem 30 anos. A guerra fria entrou em coma em 1989 com a queda do muro de Berlim e deu o último suspiro em 1991 com o fim da União Soviética. Seus cabelos, seus ossos e unhas ainda estão intactos.

 Durante toda a década de 90 do século passado fomos bombardeados pela propaganda anticomunista mais eficiente de todos os tempos, pois, convenceu a maioria da população mundial a aceitar a derrota do socialismo realmente existente como o triunfo do capitalismo. Portanto, os livros da época da guerra fria continuaram sendo publicados ou reescritos mantendo a versão “ocidental”, para usar um termo da época, a versão estadunidense. Isto é tão certeiro quanto o aparecimento do sol pelas manhãs de “tempo bom.”

 Por isso, os livros didáticos, cadernos do professor e do aluno, reportagens e documentários sobre o tema continuam chamando o acordo de não agressão entre Hitler e Stálin que dividiu a Polônia entre os dois países, de “pacto Ribemtrop Molotov ou Pacto entre Hitler e Stálin.  Mas o acordo feito em Munique entre a França, Inglaterra, Itália e Alemanha, no qual Chamberlaim (GB), Daladier (FR), Mussolini (ITA) e Hitler,  que autorizou a invasão dos Sudetos e depois de toda a Tchecoslováquia, atuais República Checa e Eslováquia, é denominado “Acordo de Munique”.

 Se seguimos nesta “vibe”, como dizem nossos adolescentes, até hoje o acordo militar proposto pelos Estados Unidos entre os países capitalistas é chamado de Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o acordo militar entre os países socialistas chamado de “Pacto de Varsóvia”. A primeira vista parece um detalhe irrelevante de menor importância. Porém, todos nós sabemos que a palavra pacto tem uma conotação pejorativa no imaginário popular, algo “diabólico”, etc.

 Em 6 de Junho de 1944, portanto, dia do desembarque na Normandia ( Dia D), a derrota alemã em Stalingrado já havia completado um ano e 3 meses, “já estava falando e andando e com seus primeiros dentinhos a mostra;”. O Exército vermelho já havia ultrapassado as fronteiras soviéticas e já fazia incursões em território alemão.  Sem contar que em todo o território ocupado pelos nazistas a linha de frente na resistência entre outros, era composta pelos comunistas chamados de Partisans.

 Em nossa opinião, o 2 de fevereiro de 1943 é que foi na verdade o “grande dia D”, quando os exércitos nazistas imbatíveis até então foram obrigados a curvar-se diante de operários e camponeses, que apesar do Stalin e do Stalinismo, lutaram, morreram e venceram, para defender o que era seu verdadeiramente, a terra, as fábricas e os produtos de seu trabalho. Não foram levados a morrer, como seus irmãos da maioria dos países em guerra, para defender os interesses dos grandes monopólios que procuravam repartir novamente o mundo entre si, sob exigência principalmente da burguesia alemã, japonesa e italiana que financiaram nazistas e fascistas. As burguesias inglesa, francesa e estadunidense, por seu turno também procuravam no outro bloco manter seus domínios e ampliá-los.

 Por isso, sugerimos que toda vez que você trabalhar a segunda guerra mundial, com os meninos e meninas, faça estas ressalvas independentemente de sua posição política. Coloque os fatos e ajude os meninos a refletir. Lembre-os que como diziam os antigos, “quem conta um conto aumenta um ponto.

 Dois bons livros sobre o tema:

 1. Stalingrado. O começo do fim. Editora Rennes (esgotado) Autor Geoffrey Jukes.
Custa uns 10 reais e se acha em qualquer sebo. Trata apenas dos aspectos militares

2.  Vida e destino. Vassili Grossma


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O “Novo” Secretário Da Educação Do Estado De São Paulo e a Velha Máxima: “Mudar Sempre Para Deixar Tudo Como Está”.


Estou atendendo de muito bom grado o pedido do NORTE para escrever sobre o discurso de posse do "novo" Secretário da Educação do Estado de São Paulo. Compartilho minha opinião fruto das experiências e reflexões realizadas durante cerca de 26 anos, como profissional do ensino de História, em atividades da educação popular e nas lutas dos trabalhadores da educação da rede publica estadual das quais participei como militante. Devolvo aos trabalhadores da educação e de todos os ramos da produção a reflexão que fizeram por meu intermédio.

Boa leitura

            O Estado de São Paulo tem um novo Secretário da Educação. As esperanças se renovam. Antes que seu discurso de posse fosse pronunciado e em seguida publicado, escrevi num canto de minha agenda algumas máximas que do meu ponto de vista,  com certeza fariam parte da fala do novo secretário José Renato Nalini: A educação é fundamental para  o crescimento pessoal e profissional; estaremos sempre abertos ao diálogo; faremos todo o possível para atender as reivindicações justas dos professores e funcionários; já avançamos bastante mas precisamos melhorar ainda mais a qualidade do ensino na rede pública; a educação é responsabilidade de todos e não só do Estado, portanto, temos que nos unir para que a educação paulista faça jus a importância e papel do nosso estado.
            Você pode até dizer que o que fiz é semelhante ao que fazem com as profecias de Nostra Damus, elas só são explicadas e entendidas depois que a tragédia já aconteceu. Afinal o discurso do “novo” secretário já foi publicado. Entretanto, para quem já passou por 5 governadores, de Orestes Quércia a Geraldo Alckmin, 6 secretários de educação, de Fernando Morais a Herman Voorwald, não é muito difícil prever os conteúdos dos discursos de posse. Porém, o “novo” secretário da educação superou minhas expectativas quando afirmou em seu discurso de posse que: “A educação representa a chave para a resolução de todos os problemas brasileiros. De todos, sem exceção” (Grifos meus) (https://renatonalini.wordpress.com/2016/01/28/discurso-de-posse-na-secretaria-de-estado-da-educacao/).
Na continuidade de sua fala, Nalini afirmou que o povo soberano estabeleceu a educação como sendo um direito de todos. E lança outra máxima que já prevíamos: “Mas esse direito de todos é dever do Estado e da família. Dever solidário. Não é o governo o único responsável pela missão educativa. A educação será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Todos somos responsáveis pela educação no Brasil”. (grifos meus).
            Nalini afirmou ainda que a nova geração de estudantes não suporta a burocracia, atividades repetitivas, enfadonhas, anseia pela participação, pelo protagonismo, “a juventude é ávida e sequiosa de participar do processo...”  Chamou a atenção para o fato de que aprendeu a importância do contraditório e escreve “Ouvirei a todos com a humildade que é a filha da verdade.” ( bingo). Não posso deixar de fazer referência a outra máxima do “novo” secretário:   “A exuberância de direitos da República obscureceu o capítulo dos deveres, das obrigações e da responsabilidade” ( .. )  O encerramento de seu discurso não poderia ser mais didático: Preciso de todos, a educação clama pelo interesse legítimo de todos”. (Grifos meus) Devo parar por aqui, antes que o “novo secretário acabe te convencendo, pois ele ainda fala em nome de Deus, sobre deixar a casa aberta pra ele entrar e morar, etc.
O fato é que estava certo nas minhas previsões. Como os que o antecederam, Nalini fará todo o esforço para te convencer que o fracasso escolar é um problema do professor, um problema do educador que precisa ser criativo.  E que é fundamental que você passe por processos de formação continuada e de qualificação profissional, e sobretudo, “que vista a camisa”, empenhando-se em cumprir as metas da Secretaria da Educação para este e outros anos. Nalini empenhar-se-á todos os dias para te convencer que seguir as orientações do caderno do aluno e dos professores é fundamental, e que se você for criativo saberá enfrentar os problemas de indisciplina e dificuldades de aprendizagem. E mais, não medirá esforços para te convencer de que está aberto ao diálogo e que faz todo o possível para atender suas reivindicações, mas que o seu sindicato não compreende a crise e as dificuldades econômicas de uma Secretária e um Estado tão “grandes”. Em suma os desafios, as conquistas e os fracassos serão atribuídos ao seu pouco esforço e criatividade na solução dos problemas da educação.
Com certeza o “novo” secretário vai orientar todas as equipes de gestão a lhe convencer que os problemas de falta de funcionários, de material de apoio, superlotação de salas de aula e ausência de reajustes e aumentos salariais reais e correções das perdas com a inflação devem ser resolvidos e discutidos no seu Sindicato e não no ambiente de trabalho. Estimulará as equipes de gestão a serem criativas e solucionar os problemas individualmente, com a criatividade que ele afirma que todos nós temos.  
Nalini, orientará também os dirigentes regionais a convencerem e pressionarem as equipes de gestão por todos os meios possíveis, a procurarem saídas particulares e nos induzirá a culpar os alunos e os pais e responsáveis pelo pouco interesse e os baixos índices de rendimento e aprendizagem escolar dos mesmos. De sorte que os trabalhadores da educação (equipe de gestão professores, funcionários do setor administrativo, da limpeza, da cozinha, etc) acabarão por entrar em conflito entre si e com os pais e responsáveis, acusando-se mutuamente pelo desinteresse dos alunos, pelo baixo nível de aprendizagem, pelos nossos baixos salários e condições degradantes de trabalho. E toda vez que alguém lembrar da responsabilidade do governo, o secretário nos advertirá através das equipes de gestão e supervisão que a educação é responsabilidade de todos e que temos que nos unir para atingir as metas da educação e prover um futuro melhor para os estudantes, afinal disse o secretário que a educação tem a solução para todos os problemas brasileiros.
Já dizia o “velho filósofo” que não se pode julgar um homem pelo que ele pensa de si mesmo. Portanto, resolvi estudar um pouco a biografia do “novo’ secretário para que pudesse escrever com mais propriedade. Afinal ele será o nosso “novo” secretário da educação, e portanto, meu também.  Nalini é formado em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da PUC-Campinas, é mestre e doutor em Direito Constitucional pela USP Faculdade de Direito, leciona desde 1969, é desembargador e começou a carreira como promotor de Justiça.  Desde 1976 atua como juiz, presidiu o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo por dois anos, até que houve a fusão com o Tribunal de Justiça. É mestre e doutor em Direito Constitucional pela Universidade de São Paulo. Possui um blog (acima citado) no qual escreve sobre vários temas, desde conjuntura econômica e política a temas religiosos. Do ponto de vista da opção religiosa, Nalini defende posições bem conservadoras, como se pode ler nos seus artigos (in https://renatonalini.wordpress.com/). É criacionista por princípio, no máximo aceita a tese de Teilhard de Chardin para a evolução e afirma que o problema do mundo é moral.
 Quando esteve a frente do tribunal de Justiça de São Paulo, promoveu a informatização e a “melhoria na gestão”. Ele afirma que a lentidão na justiça é fruto do formalismo e da formação elitista dos juízes e desembargadores que estão presos a “lei, ao processo” e não levam em conta as relações histórico-sociais, afirma que os juízes precisam saber que vivemos num país de miseráveis e que devem pensar em responsabilidade social.
É fundamental, para nós trabalhadores da educação, entender o modo como ele conduziu as reformas no judiciário. Nalini defende a gestão empresarial como forma de dar agilidade a justiça. Ao avaliar seu trabalho no TJ-SP afirmou que conseguiu dar mais agilidade ao tribunal informatizando e reduzindo o número de funcionários. Segundo Nalini, o problema da justiça não é a falta de funcionários, é administrativo, ou seja é a gestão: “... quando presidi o tribunal de alçada criminal havia 1,3 mil funcionários. Quando saí tinha 900, sem prejuízo do serviço. Houve muita reclamação. Mesmo assim, cortei uma porção de gastos”.
Nalini defende a terceirização da administração e da elaboração dos concursos no judiciário. É necessário que saibamos e observemos com atenção o que escreveu: Não Há Nenhuma Heresia Em Terceirizar A Escolha Dos Juízes. A Administração Dos Tribunais Deveria Ser Terceirizada. Juiz Não Sabe Ser Administrador”.  A opinião dele sobre a justiça do trabalho é digna de nota: Estamos em um estágio em que emprego não existe. A população sobrevive na informalidade, na luta. Trabalho formal é praticamente uma loteria. Temos que pensar quanto custa a Justiça do Trabalho e o que ela significa para o país. Na Justiça do Trabalho, o juiz já começa ganhando quase R$ 20 mil.”
Para completar, vamos transcrever uma afirmação a respeito de sua avaliação sobre a reforma que fez no TJ –SP, que muito nos interessa e ajuda a entender a escolha do governador Geraldo Alckimin pelo “meritíssimo”: “Não falta dinheiro, não falta pessoa. Falta criatividade e ousadia para relativizar alguns dogmas que já não têm razão de ser”. (grifos meus). (Revista Consultor Jurídico, 25 de março de 2007 disponível in http://www.metajus.com.br/biografias-entrevistas/biografia4.html  ).
            Como disse o nosso filósofo, não se pode julgar um homem pelo que ele pensa de si mesmo. Resumidamente, o “novo” secretário da educação” José Renato Nalini teria que ter mudado “da água para o vinho”, para agir na Secretária da Educação de forma distinta daquela em que agiu no Tribunal de justiça. O último secretário, não conseguiu realizar a tarefa de corte e redução de gastos e caiu. As ações do sindicato dos professores e dos estudantes no final do ano passado contribuíram muito para esta queda. O “novo” secretário vem portanto, para cumprir esta tarefa.
            Recomendo a você que não alimente nenhuma esperança no “novo’ Secretário da Educação. Se quiser manter a esperança, que seja nos colegas de trabalho, nos trabalhadores da educação de sua unidade escolar e de todo o Estado de são Paulo, e principalmente, nos pais e responsáveis, trabalhadores da indústria, comércios, serviços, que entregam seus filhos todos os dias pra gente cuidar de sua formação humana e acadêmica. Nós cuidamos da educação dos seus filhos e eles cuidam de produzir tudo que precisamos para viver e trabalhar, se nos unirmos, a esperança renasce e as chances de construir uma educação de qualidade e melhores condições de trabalho pra todos aumentam. Do Estado, do seu governador e do secretário da educação só espere a arte de mudar sempre, para deixar tudo como está.

                                                                        Elias Moreira. Fevereiro de 2016.